sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

A Faculdade...

Todas as vezes que volto a Universidade onde estudei, uma onda de nostalgia me invade! Ontem estive no famoso CAC, Centro de Artes e Comunicação. Famoso porque na época que eu estudava era o prédio mais “falado” da Universidade. O CAC abriga os cursos de Comunicação, Design, Letras, Música, Artes Cênicas, Arquitetura e Biblioteconomia. Era um prédio “descolado”. A qualquer momento que você tivesse por lá, poderia aparecer alguém de repente recitando poesia ou tocando um instrumento, ou fazendo um esquete rapidinho divertindo o horário de almoço... Enfim, era um centro vivo. Assim como era o centro, óbvio eram também as pessoas que estudavam lá. Não havia espaço para gravatinhas nem roupinhas engomadas, a onda era mais pra hippie, ou melhor, alternativa, como se dizia... E, por isso, o CAC “se destacava” dos outros e era “mal falado”, pois é, preconceitos existiam e muitos! Diziam que era o centro que concentrava os gays da Universidade, que nada, a galera lá é que nunca teve vergonha de assumir quem era, enquanto os outros de outros centros viviam dentro do armário, e como viviam! Eu “vivi” o CAC, O CAC foi o grande responsável na minha transformação. Aquela coisa de secundarista para Universitária que eu engoli de verdade! Eu passava o dia no Centro, normalmente com mais dois ou 3 amigos... Conversando, vendo coisas, às vezes estudando, mas eu tava ali vivendo. Aproveitando o que o CAC ainda tinha de bom. Nesse período conheci gente de muitos cursos, entrei pro Diretório Acadêmico, fiz amizades com muitos funcionários, enfim, eu tinha uma rotina muito legal, era minha segunda casa. Foi lá que, ainda na minha turma de Biblio discutíamos a MPB, quem era melhor se era Chico ou Caetano, conheci mais o PT, sim, o PT de um Lula ainda derrotado, e claro, eu era esquerda, vermelha e radical. Contra tudo e todos da burguesia e da direita (risos)... São coisas que foram essenciais na minha formação apesar de ter mudado muito algumas perspectivas, o modo de olhar o mundo, a política, a cultura, mas foi ali onde tudo começou, o pontapé! Foi onde comecei a ler mais, e foi ali que confirmei tudo que “sonhava e imaginava” de estudar, enfim, numa “Federal”. Mitos a parte, foi lá também que fiz grandes e muitas das minhas amizades. Foi de onde partir pra conhecer o Brasil de forma barata e divertida, através dos Congressos estudantis, e foi ali que começou o embrião de uma grande mochileira! Adorava viajar, conhecer, tá na estrada, em lugares que até então só via na TV, nunca viajei muito com a família antes disso. Foi ali que ouvi falar de Barcelona e comecei a ter vontade de morar lá. Isso ainda não realizei, mas matei minha curiosidade de conhecer a cidade e voltar por mais duas vezes, e todas as vezes confirmar o que eu já ouvia falar naquela época... A Faculdade me deu sonhos e realizações. Incertezas e certezas. Amores e desamores. Amigos e uns nem tanto! Ilusões e frustrações. E por aí vai! O mais importante é que o CAC fez parte das melhores fases que vivi até hoje. Onde fui mais feliz que triste! Onde eu dei um nó naquela cabecinha de menina que vivia no meu bairro conversando as mesmas coisas com as mesmas pessoas durante anos... Um nó de verdade, uma Fabíola que nunca mais foi a mesma depois dali, e que até hoje, interfere nos meus pensamentos, decisões, a Fabíola que ali se formou... Mais que um diploma, o CAC me trouxe um olhar diferente, e por isso hoje ainda quando piso ali vem sempre muitos filminhos. Parece que entro num túnel do tempo. Um túnel cheio de nostalgia que às vezes dói mesmo. Eu já falei que tenho uma carga nostálgica bem pesada.

Ontem, quando estava saindo do prédio, que infelizmente já não tem a mesma vida que tinha na minha época (talvez por isso doa mais) encontrei uma funcionária. Era daquelas que a gente sempre estava lá na sala dela, na Escolaridade. Ela que resolvia as broncas de matrículas, inserção de notas no sistema... Mas Nadir era da gente, do nosso lado, sempre pronta a ajudar. E a gente ficava muitas tardes lá sempre conversando com ela bobagens, coisas do dia a dia, desabafando, reclamando, sorrindo, “tirando onda”... Enfim, Nadir é patrimônio do CAC! Conversamos por quase 1 hora, em pé, em frente ao centro, resumindo nossas vidas nesses mais de 10 anos que não nos vínhamos. Confirmando informações de perdas de amigos, amigos jovens que se foram. Doenças, amores, família, o CAC hoje e o de ontem, as pessoas de hoje e de ontem, enfim, falamos de tudo! Mas o melhor foi encontrar alguém que sabe o que eu sinto, que viveu aquilo também, que fez parte da minha história ali, que presenciou, acompanhou como um anjinho sorridente que tava ali no seu trabalho, na sua rotina mas de olho, olho bom na gente... O CAC também tinha disso...

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